Regulamentação da inteligência artificial: impactos na governança corporativa e na transparência

A Inteligência Artificial (IA) está se consolidando como um dos principais motores de transformação digital, oferecendo oportunidades para inovação, eficiência operacional e tomada de decisão baseada em dados. No entanto, à medida que ela avança, também traz desafios significativos relacionados à ética, responsabilidade e governança. A crescente complexidade dos sistemas de IA, aliada ao seu […]

Publicado: 06/12/2025 às 16:50
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Pessoa digitando em um notebook, com ícones digitais sobrepostos. No centro, aparece uma balança representando justiça ou equilíbrio. À esquerda, um ícone de cabeça com elementos de inteligência artificial (IA) e, à direita, uma cabeça com um cérebro representando inteligência humana. Setas e balões de diálogo conectam os elementos, simbolizando comunicação e interação entre IA e humanos, em um contexto de tecnologia e regulação (transparência)
Construção civil — Foto: Reprodução

A Inteligência Artificial (IA) está se consolidando como um dos principais motores de transformação digital, oferecendo oportunidades para inovação, eficiência operacional e tomada de decisão baseada em dados. No entanto, à medida que ela avança, também traz desafios significativos relacionados à ética, responsabilidade e governança.

A crescente complexidade dos sistemas de IA, aliada ao seu impacto direto em decisões críticas, exige a criação de marcos regulatórios claros e eficazes que garantam segurança, transparência e confiabilidade. No Brasil, o Projeto de Lei 2.338/2023 é um marco importante nesse processo, buscando normatizar o uso da IA e estabelecer diretrizes que promovam seu desenvolvimento responsável.

Para as empresas, essa regulamentação não é apenas uma questão de conformidade legal, mas também uma oportunidade estratégica para alinhar suas práticas de governança com os princípios de transparência e responsabilidade exigidos pelo mercado.

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No contexto corporativo, a regulamentação da IA impacta diretamente áreas como gestão de riscos, compliance e tomada de decisões estratégicas. A conformidade com essas normas será essencial para evitar penalidades legais, proteger a reputação da empresa e construir confiança junto aos stakeholders.

Como escrevi em uma coluna anterior, mais do que nunca a transparência nos processos baseados em IA se torna um diferencial competitivo, isso inclui abordar questões como vieses algorítmicos, explicabilidade dos modelos e proteção de dados sensíveis. A cultura da explicabilidade, em particular, deve ser incorporada desde as fases iniciais do desenvolvimento dos sistemas de IA, permitindo que os resultados sejam auditáveis e compreensíveis por diferentes públicos – desde equipes técnicas até órgãos reguladores.

Transparência é a chave

Como CIO do Grupo Elfa, trabalho lado a lado com o time Jurídico e de Compliance e tenho acompanhado de perto os desdobramentos desse debate e suas implicações práticas na governança corporativa. Para nós, a regulamentação da IA vai além do cumprimento de requisitos legais; ela representa uma oportunidade para reforçar a confiança de clientes, parceiros, investidores e da sociedade em geral. A transparência é o alicerce dessa confiança. Isso significa garantir que nossos sistemas de IA sejam projetados e operados de forma ética, com atenção especial à mitigação de vieses e à promoção da equidade.

Por exemplo, estamos implementando ferramentas que permitem rastrear todo o ciclo de vida dos dados, desde sua coleta até o processamento e a geração de insights, assegurando qualidade, privacidade e segurança. Além disso, temos investido em mecanismos de auditoria contínua para monitorar o desempenho dos algoritmos e identificar possíveis desvios ou inconsistências.

Um dos maiores desafios que enfrentamos é integrar os princípios de governança de dados às novas exigências regulatórias para IA. Isso envolve não apenas a adoção de tecnologias específicas, mas também a capacitação das equipes internas.

Uma das medidas que implementamos é a realização de treinamentos para conscientizar os colaboradores sobre a importância da ética no uso da IA e sobre as responsabilidades associadas ao desenvolvimento e à operação desses sistemas. Acredito que a regulamentação efetiva da IA depende tanto de estruturas normativas quanto do comprometimento organizacional em implementar práticas robustas de governança.

Outro ponto crítico é a necessidade de colaboração entre empresas, governos e academia para criar um arcabouço regulatório que seja equilibrado. Um ambiente regulatório bem estruturado deve promover a inovação tecnológica sem comprometer os direitos e interesses dos cidadãos. Como destaca Stuart Russell, um dos mais renomados pesquisadores em IA: “A preocupação com a segurança da IA não deve ser vista como um obstáculo ao progresso, mas sim como um pré-requisito para o desenvolvimento de sistemas verdadeiramente benéficos para a humanidade”.

Essa visão reflete a abordagem que eu defendo no Grupo Elfa e para o mercado: a regulamentação da IA é uma oportunidade para fortalecer a governança corporativa, aumentar a transparência e construir um futuro mais ético e responsável. Em última análise, navegar pelas complexidades da regulamentação da IA exige uma combinação de tecnologia, estratégia e diálogo aberto.

A questão não é se a regulamentação virá – ela já está chegando. A pergunta é: vamos esperar para reagir ou nos antecipar e transformar a governança de IA em um diferencial estratégico?

Eu já escolhi o meu caminho.

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