O presente e o futuro se entrelaçam quando falamos do mercado corporativo e da inteligência artificial. E não há como falar sobre presente e futuro sem refletir sobre a forma como a IA atravessa as diferentes gerações que interagem com ela. A população está envelhecendo – a OMS estima que o número de pessoas no […]
O presente e o futuro se entrelaçam quando falamos do mercado corporativo e da inteligência artificial. E não há como falar sobre presente e futuro sem refletir sobre a forma como a IA atravessa as diferentes gerações que interagem com ela.
A população está envelhecendo – a OMS estima que o número de pessoas no mundo com mais de 60 anos deve chegar a 2,1 bilhões até 2050 – fator impulsionado por questões como aumento da expectativa de vida, diminuição das taxas de fecundidade e mortalidade. Somado a isso, temos inteligências artificiais generativas já substituindo tarefas rotineiras, trazendo mudanças radicais em alguns empregos e a extinção de outros — fator que afetará consideravelmente as nossas competências e, consequentemente, demandará uma qualificação mais rápida e assertiva.
Segundo uma pesquisa da Pearson “Lost in Transition: Fixing the ‘Learn to Earn’ Skills Gap” (“Perdidos na transição: corrigindo a lacuna de ‘aprender a ganhar’ habilidades”, na tradução em português), 65% das habilidades necessárias para o mercado de trabalho mudarão até 2030. O estudo também mostra que, apenas nos Estados Unidos, chegam a US$ 1,1 trilhão as perdas anuais devido a lacunas nos caminhos de aprendizagem em pontos-chaves de transição. Esses movimentos podem ser: mudança da escola ou faculdade para o trabalho; perdas involuntárias de empregos devido a fusões corporativas; reestruturação empresarial; flutuações econômicas; e deslocamento causado por novas tecnologias.
Nesta mesma linha de raciocínio, o relatório Futuro do Trabalho 2025, do Fórum Econômico Mundial, prevê que até 2030 serão criados 170 milhões de novos empregos, destituindo 92 milhões. Em um cáculo hipotético simples, isto quer dizer que se a força de trabalho global fosse representada por um grupo de 100 pessoas, projeta-se que 59 precisariam de requalificação (reskilling) ou aprimoramento das habilidades (upskilling) até 2030, sendo que 11 delas provavelmente não receberão essa formação; o que equivale a mais de 120 milhões de trabalhadores em risco de redundância em médio prazo.
A maior preocupação é que a força de trabalho não esteja apta a aprender na mesma velocidade em que o ritmo da ruptura tecnológica se apresenta. E a saída para isso é “aprender a aprender”. Ou seja, precisamos buscar novas maneiras de conhecimento para melhorarmos não apenas o que aprendemos, mas como aprendemos, por meio de estratégias, ferramentas e comportamentos que ajudem alunos e trabalhadores a obter conhecimento de forma mais eficiente.
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Falar sobre isso em um nível amplo pode parecer algo abstrato, mas essa capacidade de adaptação se manifesta nas mais diversas situações – algumas muito mais profundas e disruptivas, outras mais sutis, mas igualmente transformadoras. No meu caso, lembro-me da resistência que tinha com cursos online antes da pandemia. Sempre achei que minha aprendizagem dependia da presença do professor, do ambiente físico da sala de aula, da troca direta com os colegas. Mas, assim como milhões de pessoas ao redor do mundo, fui forçado a rever essa crença quando fiz uma pós-graduação inteiramente online. Precisei me adaptar a um novo formato de estudo, entender novas dinâmicas de aprendizado e, sobretudo, quebrar a ideia pré-concebida de que o digital não era para mim. Esse é um exemplo simplório diante da magnitude do conceito de “aprender a aprender”, mas simboliza um momento em que profissionais de todas as áreas, em todo o mundo, precisaram desenvolver novas habilidades para continuar avançando. E essa necessidade só tende a se intensificar nos próximos anos.
Do ponto de vista dos players da educação, a rápida evolução dos empregos predispõe a necessidade de personalização do ensino por meio de IA, com plataformas educacionais adaptativas que possibilitem que seu conteúdo seja ajustado de acordo com a necessidade e interesse do aluno. E isso vale para soft skills como resiliência, pensamento crítico, liderança, resolução de problemas, empatia, flexibilidade, espírito de equipe, entre outras. Governos e empresas também precisam fazer sua parte ao criar políticas públicas de capacitação digital, garantindo que populações vulneráveis não sejam abandonadas.
O futuro do trabalho será definido pela capacidade de adaptação – e desenvolver essa habilidade começa agora.
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