Como as empresas de tecnologia podem se alinhar com as metas do Acordo de Paris

As mudanças climáticas representam uma das maiores ameaças globais atuais, afetando ecossistemas, comunidades e economias. À medida que os seus impactos se tornam cada vez mais frequentes, a importância de uma ação conjunta e efetiva se torna imprescindível, fazendo com que o mercado tecnológico comece a se unir em prol de soluções concretas – uma […]

Publicado: 06/12/2025 às 17:07
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Construção civil — Foto: Reprodução

As mudanças climáticas representam uma das maiores ameaças globais atuais, afetando ecossistemas, comunidades e economias. À medida que os seus impactos se tornam cada vez mais frequentes, a importância de uma ação conjunta e efetiva se torna imprescindível, fazendo com que o mercado tecnológico comece a se unir em prol de soluções concretas – uma vez que ele é um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa.

Nesse contexto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) confirmou, em 2018, que para limitar o aquecimento global a 1.5°C, o mundo precisa reduzir pela metade as emissões de CO2 até 2030 e alcançar as emissões líquidas-zero de CO2 até meados do século. Alcançar esse estado de emissões líquidas-zero de GEE é um dos principais objetivos da mitigação das mudanças climáticas no âmbito global, o que é explicitamente reconhecido pelo Acordo de Paris, que solicita o alcance de “um equilíbrio entre emissões antrópicas por fontes e remoções por sumidouros de gases de efeito de estufa na segunda metade deste século.”

O crescente interesse por metas líquidas-zero representa uma oportunidade sem precedentes à evolução da ambição climática das empresas. É importante destacar a influência substancial que o mercado tecnológico tem sobre a forma como as sociedades operam, se comunicam e interagem com o mundo ao seu redor. Ele desempenha um papel crucial na criação de soluções inovadoras para desafios globais, incluindo as mudanças climáticas. No entanto, muitas tecnologias e modelos de negócios também consomem uma quantidade significativa de recursos naturais e energia, contribuindo para essas emissões.

Dados recentes da Agência Internacional de Energia (IEA) indicam que os data centers consomem aproximadamente 200 terawatts-hora (TWh) de eletricidade, equivalente a aproximadamente 1% da demanda global de eletricidade. Essa energia é utilizada tanto para que os equipamentos de processamento e armazenamento de dados operem 24 horas por dia, como também para que o sistema de resfriamento dos ambientes internos funcione. A depender da fonte que provém essa energia elétrica, esse consumo pode representar um retrocesso ao combate da crise climática.

Pensando nisso, a transição para fontes renováveis em operações de data centers é um passo essencial. Isso porque, quando analisamos as operações desses locais, percebemos o quão alto é o seu consumo de energia. Quando o uso de combustíveis fósseis é substituído por energias renováveis, como a solar e a eólica, as emissões de carbono de escopo 2 por parte dessa companhia são eliminadas.

Ainda refletindo sobre oportunidades de eficiência energética, é possível adotar soluções de resfriamento interno com o uso da baixa temperatura exterior em dias mais frios. O uso do resfriamento externo por si só contribui amplamente para a redução do consumo de energia. Além disso, sistemas de monitoramento ambiental avançados e dispositivos de eficiência energética podem catalisar essa transformação que precisamos em setores altamente poluentes.

Para tangibilizar a efetividade da implementação dessas e outras tecnologias, e entender a sua colaboração no objetivo de zerar as emissões líquidas de GEE, a iniciativa Science Based Targets (SBTi) construiu uma estrutura que possibilita que as empresas definam metas climáticas alinhadas com o Acordo de Paris, que passam por uma avaliação independente com base em um conjunto robusto de critérios, além de protocolos transparentes de validação. Ter metas submetidas e aprovadas pela iniciativa Science Based Targets (SBTi) valida e dimensiona os esforços que as empresas estão direcionando em prol do Acordo de Paris e do combate à crise climática.

Para que toda essa jornada em prol das metas estabelecidas no Acordo de Paris seja efetiva, não podemos deixar de mencionar a importância da transparência das empresas em relação às práticas ambientais e esforços para reduzir o impacto climático. Isso inclui a divulgação de dados sobre emissões, uso de recursos e progresso rem relação a essas metas.

Do mesmo modo, elas têm a oportunidade de educar os seus usuários sobre as medidas sustentáveis e incentivar mudanças de comportamento que reduzam as pegadas de carbono individuais. Além de contribuir para a sustentabilidade global, esse alinhamento às metas do Acordo de Paris promove maior reputação à marca e, consequentemente, acesso a mercados e investidores – pois muitos deles estão priorizando organizações alinhadas com essas práticas.

Ao promover ações ambientalmente responsáveis, investir em inovações sustentáveis e colaborar com outros setores, essas empresas podem não apenas reduzir seu impacto ambiental, mas também colher benefícios econômicos e de reputação. Em um mundo cada vez mais consciente das mudanças climáticas, o alinhamento com as metas do Acordo de Paris não é apenas uma escolha ética, mas também uma estratégia inteligente para o sucesso a longo prazo.

*Fernanda Siqueira é coordenadora de ESG & EHS LATAM da ODATA.

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