Desinformação climática na era da IA: o papel fundamental da educação

A ascensão da tecnologia digital, especialmente a inteligência artificial (IA), remodelou a maneira como vivemos, trabalhamos e aprendemos. No entanto, essa revolução digital também traz consigo desafios significativos, incluindo a disseminação de fake news. Em tempos de grandes conferências ambientais, como a COP 29 em Baku e a COP Biodiversidade em Cali, quando essa temática […]

Publicado: 09/12/2025 às 03:01
Leitura
5 minutos
Mulher expressando surpresa ou preocupação enquanto olha para o celular, retratando o impacto de possíveis notícias ou informações inesperadas no ambiente doméstico, desinformação, fake news
Construção civil — Foto: Reprodução

A ascensão da tecnologia digital, especialmente a inteligência artificial (IA), remodelou a maneira como vivemos, trabalhamos e aprendemos. No entanto, essa revolução digital também traz consigo desafios significativos, incluindo a disseminação de fake news. Em tempos de grandes conferências ambientais, como a COP 29 em Baku e a COP Biodiversidade em Cali, quando essa temática ganha força na agenda pública, a desinformação climática, em particular, tornou-se um obstáculo significativo para o combate urgente às mudanças climáticas. 

No próximo ano, o Brasil seguirá bastante pautado pelo tema com a perspectiva de sediar a próxima COP 30 da ONU em Belém, no Pará. Porém, é preciso reconhecer que vivemos em uma era de “infodemia”, na qual, muitas vezes, um conteúdo falso se espalha mais rápido e chega mais longe do que a verdade. As redes sociais, impulsionadas por algoritmos disfuncionais e pela IA, desempenham um papel crucial neste fenômeno. Em mãos erradas, as plataformas online, como Facebook, X e YouTube, tornam-se terrenos férteis para a desinformação climática, podem atuar como veículos distribuidores de postagens falsas ou enganosas. 

Negacionismo climático na era digital: novas roupagens 

Uma pesquisa de janeiro de 2024 do Center for Countering Digital Hate revela uma rápida escalada no discurso dos negacionistas climáticos nas plataformas sociais no período de 2018 a 2023. Anteriormente, era mais comum o chamado “velho negacionismo” climático, definido pelo estudo da negação da existência da mudança climática, ou a rejeição de qualquer conexão entre ela, e as emissões de gases de efeito estufa atuais. Mas agora, ganhou força o “novo negacionismo”, que visa deslegitimar os cientistas, os movimentos climáticos e algumas das soluções propostas para a crise, como a energia renovável, por exemplo. Alguns até argumentam que os efeitos do aquecimento global são inofensivos ou até benéficos.  

De acordo com essa mesma análise, houve um aumento significativo de postagens no YouTube propagando o discurso desinformativo, dobrando em apenas seis anos. Em 2018, o “novo negacionismo” correspondia a 35% do total de postagens céticas sobre o clima no YouTube. No entanto, em 2023, esse número saltou para 70%.

Leia também: Educação continuada e trabalho: como a tecnologia facilita essa conciliação

um relatório da Climate Action Against Disinformation traz alguns estudos de caso deste fenômeno e, em um deles, examina como empresas de combustíveis fósseis utilizam a Meta (Facebook e Instagram) para promover campanhas publicitárias que atrasam a transição energética. De acordo com o relatório, de outubro de 2023 a outubro de 2024, oito entidades gastaram mais de 17,6 milhões de dólares em anúncios, alcançando cerca de 700 milhões de impressões. 

Esses anúncios reforçavam narrativas de greenwashing, apresentando tecnologias como captura de carbono para justificar a continuidade dos combustíveis fósseis, promovendo-os como essenciais para a segurança energética e destacando sua importância para o fortalecimento das economias dos EUA e do Reino Unido. Além disso, as campanhas incluíam esforços de lobbying para pressionar mudanças em políticas ambientais e energéticas, buscando limitar regulações que possam impactar a indústria de combustíveis fósseis. O relatório recomenda que todas as publicidades dessa indústria sejam automaticamente classificadas como “questões sociais” para maior monitoramento. Há também propostas de proibição total de difusão sobre combustíveis fósseis, similar ao que ocorre com a indústria do tabaco. 

Educação como ferramenta de combate 

Educadores devem estar atentos à essa realidade, uma vez que é justamente a educação uma das formas mais poderosas para combater a desinformação climática por meio do letramento digital e do desenvolvimento do pensamento crítico. Não por acaso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já prevê a inclusão da educação midiática, isto é, a alfabetização para o mundo das mídias, fazendo com que os alunos desenvolvam um olhar crítico do ambiente informacional.  

A IA também pode ser aliada no combate às fake news e as universidades têm papel crucial ao liderar projetos como o criado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), que desenvolveu um método para detecção de notícias falsas a partir da análise de palavras e estruturas textuais, com precisão de 94%. 

Algumas ferramentas que promovem educação de forma tecnológica e descomplicada também podem ajudar muito a informar, de maneira certeira, as pessoas sobre esse tema. Sites voltados para educação, como Lupa (também uma agência de checagem de dados e notícias), Porvir e Jeduca (que contam com estudos de caso muito interessantes), são grandes aliados ao trazer à tona a discussão e cases voltados a impedir a desinformação climática. 

Não só plataformas noticiosas podem fazer a diferença. No rol corporativo, companhias como a Pearson também possuem um papel essencial na não disseminação de narrativas fakes entre estudantes e os próprios professores, que utilizam suas soluções e materiais didáticos. É essencial que as empresas adotem conteúdos “à prova” de narrativas desinformativas, e que estejam lado a lado dos educadores a fim de capacitá-los para lidar com tais situações em sala de aula. 

Mais do que nunca, a ciência e a educação precisam caminhar juntas para um futuro pautado por informações ambientais verdadeiras e assertivas, que farão a toda a diferença para encararmos os desafios que se apresentam na agenda climática. 

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

As melhores notícias de tecnologia B2B em primeira mão
Acompanhe todas as novidades diretamente na sua caixa de entrada
Imagem do ícone
Notícias
Imagem do ícone
Revistas
Imagem do ícone
Materiais
Imagem do ícone
Eventos
Imagem do ícone
Marketing
Imagem do ícone
Sustentabilidade
Autor
Notícias relacionadas