O Marco Regulatório da Inteligência Artificial (IA), recentemente aprovado pelo Senado Federal no dia 10 de dezembro, marca um momento histórico para a regulamentação dessa tecnologia no Brasil. O texto, agora em análise na Câmara dos Deputados, estabelece diretrizes que prometem moldar o desenvolvimento, uso e fiscalização de sistemas de IA, com foco na segurança, […]
O Marco Regulatório da Inteligência Artificial (IA), recentemente aprovado pelo Senado Federal no dia 10 de dezembro, marca um momento histórico para a regulamentação dessa tecnologia no Brasil. O texto, agora em análise na Câmara dos Deputados, estabelece diretrizes que prometem moldar o desenvolvimento, uso e fiscalização de sistemas de IA, com foco na segurança, transparência e proteção dos direitos humanos. Sua aprovação final pode trazer implicações profundas para empresas e para a sociedade como um todo.
Uma das principais inovações do marco é a classificação dos sistemas de IA em níveis de risco, que determina as obrigações regulatórias aplicáveis. Sistemas considerados de “risco excessivo” são proibidos, como é o caso de armas autônomas, técnicas subliminares de manipulação e ferramentas que exploram vulnerabilidades para causar danos. Ademais, o uso de câmeras para identificação em tempo real em espaços públicos está restrito a situações legais específicas, como buscas judiciais. Essas medidas refletem a preocupação em proteger os direitos fundamentais e evitar danos irreparáveis, especialmente para os mais vulneráveis.
Sistemas de alto risco, como os empregados em diagnósticos médicos, veículos autônomos ou controle de infraestruturas essenciais, estão sujeitos a requisitos mais rigorosos. Para atender a essas exigências, as empresas devem adotar as seguintes práticas:
Outro aspecto relevante são as obrigações impostas a sistemas de IA generativa e de propósito geral, amplamente usados para criar textos, imagens e vídeos sintéticos. Esses sistemas devem passar por avaliações preliminares de risco antes de serem disponibilizados ao público, assegurando a proteção da liberdade de expressão e a integridade da informação. Para atender a essas obrigações:
No campo da propriedade intelectual, o marco legal garante a proteção de direitos autorais em sistemas de IA. Para cumprir essas regras, as empresas podem:
O marco também introduz direitos fundamentais para indivíduos afetados por sistemas de IA. Para garantir o cumprimento desses direitos, as empresas podem:
Para garantir a implementação eficaz dessas normas, o Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial será liderado pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). A fiscalização incluirá avaliações de conformidade, certificação de sistemas e aplicação de sanções, como multas que podem chegar a R$ 50 milhões ou 2% do faturamento bruto. Infrações graves também podem levar à suspensão ou proibição de operações, além de impactar negativamente a reputação das empresas.
O Marco Regulatório da Inteligência Artificial ainda tem um caminho a percorrer antes de se tornar lei. Após a aprovação no Senado, o texto segue para a Câmara dos Deputados, onde poderá ser debatido, alterado ou aprovado em sua totalidade. Caso haja mudanças significativas, o projeto retorna ao Senado para nova votação. Se aprovado sem emendas substanciais, será enviado à sanção presidencial.
No processo de sanção, o Presidente da República pode aprovar integralmente o texto, vetar parcialmente dispositivos que julgar inadequados ou vetar o projeto em sua totalidade. Em caso de vetos, o Congresso Nacional terá a prerrogativa de analisar e, se necessário, derrubar os vetos para assegurar a implementação do texto original.
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Além disso, mesmo após sancionado, o Marco Regulatório dependerá de regulamentações complementares, que serão elaboradas por órgãos competentes como a ANPD e outros ministérios. Esses regulamentos detalharão aspectos técnicos, como a classificação de riscos, as exigências de avaliação de impacto e os critérios para certificação de sistemas de IA.
Esse processo ressalta a complexidade e a importância do Marco Regulatório, que visa estabelecer um equilíbrio entre inovação e proteção de direitos fundamentais. A efetiva implementação dependerá não apenas de sua aprovação legislativa, mas também do engajamento ativo de empresas, reguladores e da sociedade civil para assegurar que a inteligência artificial seja utilizada de forma ética, segura e benéfica para todos.
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