*Por Lara Liboni Tecnologias e negócios estão se transformando a uma velocidade incrível. Com ciclos de inovação cada vez mais curtos, as transformações tecnológicas e competitivas não deixam espaço para pensar em outra coisa senão em resultados. E como falar de questões sociais e ambientais, de ESG, em meio ao furacão dos processos decisórios empresariais? […]
*Por Lara Liboni
Tecnologias e negócios estão se transformando a uma velocidade incrível. Com ciclos de inovação cada vez mais curtos, as transformações tecnológicas e competitivas não deixam espaço para pensar em outra coisa senão em resultados. E como falar de questões sociais e ambientais, de ESG, em meio ao furacão dos processos decisórios empresariais? Há quase uma repulsa com este assunto. É natural que seja assim. Afinal, sobreviver, competir, inovar, liderar já é por si só extenuante para a empresa e consequentemente para os gestores.
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Mas, mesmo em meio a essa corrida intensa, há um ponto que não pode ser ignorado: a integração de questões sociais e ambientais. Apesar do desafio de olhar para estas questões em meio ao tumulto corporativo, isto é sim estratégico para a empresa. O texto abaixo apresenta 5 motivos do porque vale a pena integrar ESG e como a TI pode ser a chave nessa transformação. Novas oportunidades de negócios, facilidade de incentivos no mercado financeiro, necessidade de adaptação com melhores resultados operacionais e geração de impacto social e ambiental.
O primeiro motivo é que esta integração traz muitas oportunidades de negócios. A essência da TI é de solucionar problemas e gerar inovações, e muitos dos desafios atuais da sociedade têm raízes em questões socioambientais. E claro que a TI fará parte da solução de muitos destes desafios. Por exemplo, ao utilizar algoritmos de machine learning para otimizar a eficiência dos sistemas de refrigeração em data centers, é possível reduzir drasticamente o consumo de energia e água. Ao analisar padrões de temperatura e consumo de energia, é possível gerar economia e criar novas oportunidades de negócios com soluções customizadas para outros setores que enfrentam desafios energéticos.
O mercado financeiro está cada vez mais focado em apoiar iniciativas que adotem práticas sustentáveis. Bonds verdes e sociais, financiamentos sustentáveis são oferecidos para projetos que visam solucionar problemas desta natureza e para empresas que estão em compliance com as práticas ESG. Um bom exemplo disso é o de uma empresa européia que emitiu mais de €3,5 bilhões em títulos verdes para financiar iniciativas digitais baseadas em IA para aprimorar o desenvolvimento de sistemas eficientes de gestão de energia. Uma empresa que desenvolva softwares com foco em “green coding” para reduzir o consumo de recursos computacionais pode se qualificar para financiamentos e incentivos governamentais. Novos instrumentos financeiros para a sustentabilidade podem apoiar efetivamente a escalabilidade de soluções de TI e IA que geram benefícios ambientais significativos, além de criar novas oportunidades de negócios, transformando custos em oportunidades de captação de recursos.
Enquanto crescem os instrumentos financeiros e de mercado para premiar soluções e práticas socioambientais, também crescem as regulações. As empresas, com isso, passam a ser cada vez mais cobradas para se adequarem às práticas socioambientais. As regulações se tornam mais rigorosas e adaptar-se é essencial para evitar riscos e multas. Amplia-se por exemplo o espaço para a implementação de plataformas integradas de monitoramento e compliance, que utilizam análise de dados em tempo real para garantir que todas as operações estejam de acordo com novas normas ambientais e sociais. Data centers em nuvem são projetados para operar com alta eficiência energética, superando as limitações dos servidores tradicionais e reduzindo as pegadas hídrica e de carbono.
Desta necessidade de se adaptar a novas práticas, surgem tecnologias e processos muito mais eficientes, com uso inteligente de recursos. Soluções como digital twins permitem simular e otimizar o desempenho de processos industriais. Criando réplicas virtuais de ativos físicos, os fabricantes podem testar diferentes configurações e condições operacionais para reduzir o uso de recursos e as emissões. Essa prática, ao ser aplicada em sistemas de gerenciamento de energia, por exemplo, pode reduzir desperdícios e melhorar significativamente a produtividade operacional. Soluções de análise avançada de dados estão sendo aplicadas para otimizar a gestão de resíduos, por exemplo. Alguns municípios e empresas privadas estão utilizando big data para definir rotas mais eficientes na coleta de recicláveis e lixo, o que resulta em menor consumo de combustível e redução das emissões de gases de efeito estufa, além de aprimorar a eficiência operacional.
Ao integrar meio ambiente e sociedade em suas estratégias, empresas também ampliam o senso de responsabilidade com o planeta e com a humanidade. Ferramentas digitais, como aplicativos móveis para monitoramento ambiental colaborativo podem empoderar comunidades a coletar dados e influenciar decisões de planejamento urbano e preservação ambiental. Assim, as empresas não só inovam e reduzem custos, mas também contribuem diretamente para a melhoria da qualidade de vida e da sustentabilidade local.
Nesse ciclo virtuoso entre oportunidades, incentivos, adaptação, resultados e impacto, não há razão para não explorar essa pauta. O futuro já está aqui, e as oportunidades para inovar de forma sustentável são reais e tangíveis. Em um mercado tão dinâmico quanto o de TI, abraçar essa transformação pode ser o diferencial que posicionará sua empresa na vanguarda – tanto na geração de negócios quanto na criação de um legado positivo para a sociedade e o meio ambiente. Vale ou não vale a pena ficar mais curioso sobre isso? No meu próximo artigo vou trazer exemplos de integração de TI aos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) e isso vai te fazer ver os ODS sob uma perspectiva tangível de negócio. Também vamos falar sobre escopo 1, 2 e 3 e mostrar um pouco das ferramentas de finanças sustentáveis das quais sua empresa pode se beneficiar. Continue de olho nos artigos do Centro de Pesquisa Itaqui, estamos juntos com o seu negócio!
*Lara Liboni é professora de Estratégia e Sustentabilidade da Ivey Business School, Canadá e diretora e pesquisadora do Centro de Pesquisa do Instituto Itaqui.
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