Entre os últimos dias 30 de abril e 4 de maio, o IT Forum sediou em Trancoso um dos maiores eventos do setor de Tecnologia brasileiro. Com mais de 600 convidados, o IT Forum Trancoso 2025 reuniu cerca de 120 CIOs de grandes empresas brasileiras e 400 executivos de tecnologia, inovação e negócios — entre […]
Entre os últimos dias 30 de abril e 4 de maio, o IT Forum sediou em Trancoso um dos maiores eventos do setor de Tecnologia brasileiro. Com mais de 600 convidados, o IT Forum Trancoso 2025 reuniu cerca de 120 CIOs de grandes empresas brasileiras e 400 executivos de tecnologia, inovação e negócios — entre CEOs, diretores e fundadores.
Sob o tema “A arte de imaginar futuros e inovar”, o CEO da Vivo, Christian Gebara, abriu o evento trazendo à tona um cenário paradoxal para um país que deseja inovar. “A gente passa nove horas por dia conectado, é o segundo país com mais pagamentos instantâneos do mundo, mas metade da população não sabe mandar um e-mail com anexo”, afirmou o executivo.
A fala abriu as portas para imaginar soluções. Diante de da desigualdade, Gebara trouxe 12 tendências que, segundo ele, vão moldar os próximos anos da relação entre tecnologia, comportamento e negócios.
Se Gebara falou sobre Imaginar, Silvio Meira trouxe o próximo passo. Após as provocações do CEO da Vivo, o cientista-chefe da tds.company apresentou sua visão de como projetar futuros. Segundo ele, o processo envolve quatro verbos: pensar, desenhar, criar e fazer e, em nenhuma dessas etapas a cópia é bem-vinda.
A palestra de um dos maiores responsáveis pela fundação do Porto Digital, em Recife, foi estruturada em torno de três eixos: irracionalidade construtiva, paraconsistência e protagonismo coletivo. O futuro, segundo Meira, será moldado por hiperconectividade, sincronicidade, irreversibilidade, invisibilidade paradoxal e transcendência pragmática.
O dia seguiu ainda com o CTO do Itaú Unibanco, Fabio Napoli, e a diretora-executiva de Finanças da Claro empresas, Raquel Possamai, subindo ao palco para uma conversa sobre a jornada de transformação da conectividade nas agências do banco. A iniciativa modernizou a conexão dos espaços físicos da companhia utilizando tecnologias como 5G, SD-WAN e Wi-Fi 6.
Em seguida, Cesar Gon, fundador e CEO da CI&T; Rodrigo Caserta, CEO global da Avanade; e Marco Stefanini, fundador e CEO global da Stefanini, se reuniram para falar sobre a influência dos líderes brasileiros no cenário global. Para os três executivos, o Brasil vive uma janela única de oportunidade para exercer protagonismo global na revolução de tecnologias como a inteligência artificial (IA). No entanto, com vivências diferentes, cada um trouxe um ponto de vista única e alertas importantes para os próximos anos.
O último dia se encerrou com um debate sobre o processo de implementação da inteligência artificial (IA) dentro das empresas. Para discutir o tema, o IT Forum trouxe Marcel Saraiva, gerente regional de Vendas da Nvidia Enterprise e Bruno Luiz Assaf, diretor da Dell ISG Brasil.
Para Saraiva, a IA generativa redefiniu a função do CIO. Se antes equipes de tecnologia tinham o controle sobre tudo o que era oferecido às áreas de negócio; agora, o cenário mudou: os próprios times de negócio provocam a TI e exigem a adoção de novas soluções. Assaf concorda e reforça: as organizações vivem um novo momento de adoção da tecnologia, diferente daquele que enfrentaram quando ela surgiu, ao final de 2022.
E, se o segundo dia foi repleto de imaginação e projeção, o terceiro foi apenas sobre inovação. Começando com uma palestra da CEO da Nossa Praia e CSO da B&Partners.co, Dilma Campos, os convidados do IT Forum Trancoso 2025 se viram provocados a trocar suas prioridades. No palco do evento, a executiva sugeriu que, em vez de olhar para o ROI (Return on Investment), as empresas deveriam medir o RoF (Return on Future), conceito que une resultado econômico a impacto ambiental e social de longo prazo.
“O retorno sobre o investimento continua importante, mas precisa andar junto com o retorno sobre o futuro. O que estamos deixando para o mundo ao criar um produto, lançar uma campanha ou investir em tecnologia?”, questionou.
Extraindo exemplos de gigantes como Microsoft, Renault e Pedigree, Dilma falou de propósito como uma métrica dentro das organização e de utilizar a tecnologia com intenção.
E por falar em intenção, a 27ª edição do IT Forum Trancoso trouxe diversos cases de negócios feitos com intenção. A começar pela reformulação feita pela Porto nos últimos anos. Marcos Sirelli, diretor de TI da organização e Débora Bortolasi, vice-presidente B2B da Vivo, falaram sobre o fortalecimento de relacionamento com toda a rede da empresa feito nos últimos anos.
A escolha de trazer os relacionamentos para o centro da conversa seguiu ao longo das palestras, mas em diferentes níveis. Se Sirelli e Bortolasi falaram das trocas com seus parceiros, Priscyla Laham, presidente da Microsoft Brasil, e Graci de Melo, fundadora e coCEO da V8.tech, trouxeram pra mesa o relacionamento com a IA.
Em um debate, as executivas falaram sobre como a tecnologia se tornou uma espécie de novo colaborador das organizações e, diante disso, enfatizaram a importância de uma governança robusta de dados, com os pilares de privacidade, transparência e segurança necessários para garantir os controles adequados sobre a tecnologia.
“Já falamos das frontier firms, empresas que têm a inteligência artificial completamente integrada à operação e ao processo de decisão estratégica”, pontuou a executiva da Microsoft Brasil. “Talvez nos tornemos chefes de agentes ou de ambientes híbridos entre agentes e humanos.”
O avanço da IA também foi debatido em um painel com outros grandes nomes do setor. Mediados por Vânia Neves, conselheira de empresas e fundadora da LÍDERNEGRA, os executivos Leandro Balbinot, CTO da Whole Foods; Cassiano Ebert, CIO global da Petrobras; Alessandro Tomazela, CIO da Braskem; e William Potenti, CIO da L’Oréal Brasil, falaram sobre os maiores desafios dos CIOs atualmente.
A pressão por inovação acelerada, o avanço da inteligência artificial e os riscos de apostar em soluções que não geram valor foram alguns dos temas conversados ao longo do painel. Os executivos discutiram a necessidade de alinhar inovação à estratégia do negócio, relataram aprendizados obtidos com falhas e defenderam uma liderança menos hierárquica, com foco na experimentação, no pragmatismo e na escuta ativa.
Cláudio Stopatto, diretor de Software e Alianças da Lenovo ISG para América Latina, e Marco Antonio Gutierrez, CIO do Instituto do Coração (Incor), da Faculdade de Medicina da USP, também mostraram como a tecnologia pode mudar vidas. Durante um dos painéis do evento, ambos trouxeram uma parceria realizada entre a Lenovo e o Incor, da para desenvolver um dispositivo vestível com IA capaz de detectar arritmias cardíacas com alto grau de precisão.
O projeto, chamado TRAdA, opera com detecção quase imediata dos eventos, segundo os responsáveis. O tempo médio entre o sinal clínico e a resposta do sistema é de seis segundos.
Para continuar a inovar no futuro, o evento levou os convidados para o passado com a palestra do biólogo e CEO da Iandé, Guilherme Gennari. Em seu painel, o executivo apresentou o conceito de biomimética, área de estudo que busca referências ancestrais em tecnologias encontradas na natureza para solucionar problemas e desenvolver ideias inovadoras.
Ao longo de sua fala, o pesquisador reforçou a importância de se manter curioso perante à vida e de lembrar que a espécie humana é recente. ” Quando se trata de vida na Terra, somos apenas aprendizes. Estamos começando agora, como estagiários”, disse.
O evento ainda contou com um show da Banda Eva e, pra fechar com chave de ouro, um encerramento com o cantor Diogo Nogueira. Confira a cobertura completa de todos os painéis e palestras:
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