Que a SAP tem apostado fortemente no tema da sustentabilidade e no ESG em sua estratégia recente, não é novidade. No primeiro dia do Sapphire 2022, que acontece entre terça (10) e quinta (12) em Orlando*, a empresa redobra essa aposta com uma série de anúncios voltados a aumentar a visibilidade usados em iniciativas sustentáveis […]
Que a SAP tem apostado fortemente no tema da sustentabilidade e no ESG em sua estratégia recente, não é novidade. No primeiro dia do Sapphire 2022, que acontece entre terça (10) e quinta (12) em Orlando*, a empresa redobra essa aposta com uma série de anúncios voltados a aumentar a visibilidade usados em iniciativas sustentáveis das companhias – e o calcanhar de Aquiles parece ser principalmente o controle da cadeia de suprimentos (ou supply chain).
Os anúncios de maior destaque feitos pela empresa durante o evento incluem, além de uma cadeia de suprimentos mais resiliente e de soluções que melhorem a visibilidade de dados relativos à sustentabilidade, também a transformação dos processos de negócio – principalmente por meio do portfólio Rise with SAP – e desenvolvimento sem códigos, ou no-code.
“Segundo dados da McKinsey, 70% dos negócios estão em risco se não fizerem negócios de forma sustentável”, lembrou Christian Klein, o CEO da SAP. “É um imperativo.”
Também são desafios a complexidade e o tamanho que essas cadeias de suprimentos ganharam ao longo do tempo. Além disso, com o ritmo de transformação diversos entre as mais variadas indústrias, surge a dificuldade de mudar os modelos de negócios, “principalmente quando elas [as organizações] tem modelos financeiramente bem-sucedidos”, ressaltou Klein.
Leia também: Para a SAP, Brasil tem papel crucial para crescer na nuvem
Segundo o CEO, a Business Network, como é chamada a rede de colaboração em tempo real entre membros das cadeias de suprimentos que são usuários de SAP, já está 190 países. E ela é valiosa por permitir, por meio de blockchain, o rastreamento fim a fim das atividades de cada membro, dando mais transparência ao processo.
O business case da Box Print, fabricante brasileira de embalagens, foi inclusive apresentado no palco do Sapphire. A empresa se vale da Business Network para integrar sua cadeia de suprimentos, e obteve como retorno uma produção mais eficiente e melhoria de processos entre compradores e vendedores.
Outro item relativo ao esforço da SAP no segmento foi a aquisição do controle da Taulia, operação completada em março desse ano. A fintech usa IA em suas soluções de tecnologia financeira e gerenciamento de capital de giro, incluindo finanças da cadeia de suprimentos.
A SAP anunciou durante o evento algumas novidades no portfólio. Em parceria com a Apple, deve laçar uma série de aplicativos para a plataforma iOS que prometem ferramentas intuitivas para trabalhadores da cadeia de suprimentos. Os dois primeiros são para operadores de depósitos (Warehouse Operator) e distribuidores (Direct Distribution).
O Digital Manufacturing Cloud une ferramentas de analytics, edge computing e automação e é voltado para indústrias de manufatura. A promessa é de melhoria de performance.
Na área da sustentabilidade, a solução em nuvem para grande corporações ganhou melhorias. E o Product Footprint Management, que mede impactos ambientais de atividades produtivas, agora facilita a redução de emissões de carbono.
Enquanto isso o RISE with SAP – parte de um portfólio que inclui, claro, ERP na nuvem, mas é vendido como um serviço de transformação digital mais amplo – segue crescendo. Houve 60% de crescimento no número de clientes no primeiro semestre de 2022. Parcerias com Accenture e outros parceiros de integração foram anunciadas.
Em entrevista dada exclusivamente à imprensa latina, o CTO da SAP, Juergen Mueller, ressaltou algumas tecnologias emergentes importantes para a companhia alemã. Uma delas é o desenvolvimento em no-code e low-code – que também recebeu novidades durante o Sapphire, principalmente voltadas à plataforma de integração da empresa, a BTP.
Para ele, o mercado “jamais será capaz de formar a quantidade de programadores de que precisamos”, e por isso a capacidade de desenvolver sem conhecimento de códigos pode ser chave importante para resolver a carência de mão de obra em TI – que nem de longe é exclusividade do mercado brasileiro.
“É um desafio para quase todo o mundo. Toda companhia está se tornado ou quer se tornar uma empresa de software e contratar talentos de TI. Muitas empresas querem fazer parceria conosco porque podem confiar em nós para trazer essa capacidade”, disse Mueller, que ressaltou também o papel de um ambiente desafiador e inovador para reter talentos.
O CTO também antecipou que a SAP já trabalha para encontrar soluções de uso para computação quântica. O objetivo é encontrar problemas antes impossíveis de resolver utilizando processamento tradicional.
“Há problemas muito difíceis de resolver”, sem explicar exatamente quais, mas antecipando interesse em questões como comunicações e cibersegurança. O executivo também não detalhou com que parceiros trabalha, mas que está “sempre buscando aquele que está na vanguarda, mas isso muda de tempos em tempos.”
Segundo ele, a SAP é integrante de grupos de estudo e associações de empresas interessadas em aproveitar o potencial do mundo quântico.
* o editor do IT Forum está em Orlando a convite da SAP
