Como podemos produzir um futuro de novas estórias a partir da nossa história? Essa foi a provocação central da plenária de abertura do IT Forum Salvador, ‘Histórias x Estórias: das fatos de hoje aos futuros possíveis’, realizada na noite desta quarta-feira na capital baiana. Após 25 anos movimentando o interior do Estado da Bahia, o […]
Como podemos produzir um futuro de novas estórias a partir da nossa história? Essa foi a provocação central da plenária de abertura do IT Forum Salvador, ‘Histórias x Estórias: das fatos de hoje aos futuros possíveis’, realizada na noite desta quarta-feira na capital baiana.
Após 25 anos movimentando o interior do Estado da Bahia, o IT Forum desembarcou pela primeira vez na cidade de Salvador. Com o tema “Liderando no Caos“, o evento reúne líderes da indústria centro histórico da capital, promovendo discussões sobre os rumos do setor e desafios da liderança de tecnologia.
Para Adelson de Sousa, fundador da IT Mídia, a vinda do IT Forum para Salvador é simbólica. A cidade, ele pontuou, é um retrato da desigualdade do Brasil, e combina inúmeras riquezas que não chegam a toda a população. “Vir para Salvador é ter a esperança de como o futuro pode ser mais igual. Olhar para o futuro e pensar: ‘com um povo tão criativo, porque o Salvador não tem um pólo e tecnologia?’”, refletiu. “O IT Forum tem a obrigação de sair da zona de conforto e vir para cá. Estamos aqui com um propósito. Aqui temos muito o que fazer.”
O prefeito da cidade de Salvador, Bruno Reis, também esteve presente na plenária. Na sua visão, a maior transformação social que qualquer governo pode fazer é gerar “crescimento econômico, emprego e renda”. A tecnologia é um caminho para isso.
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“O setor de tecnologia e inovação passa a ser estratégico para gerar oportunidades”, disse. “Hoje a prefeitura dispõe de um data center para que todos cidadãos acessem serviços a partir do Salvador Digital. Com ele, a gente consegue identificar quais são as reais necessidades do cidadão, quais são os serviços mais demandados. E aí oferecemos políticas públicas com mais eficiência”, explicou.
Não é possível tornar a tecnologia em um instrumento de transformação sem estar atento à ancestralidade, no entanto. A provocação veio do cantor, compositor e produtor musical soteropolitano Carlinhos Brown, que avaliou que é necessária uma conexão entre tecnologia e história para que transformações aconteçam.
“A nossa ancestralidade está dizendo: ‘venha de volta perceber o que foi construído pelo seus antepassados”‘, disse. “Nós precisamos que as tecnologias não sejam páginas e adornos em branco para que elas possam liderar um novo tempo”. Para Brown, Salvador é uma grande expressão dessa conexão: além de ser a primeira capital do Brasil, é uma cidade “de construção estética e ética de várias etnias” e de uma miscigenação que traz “potência”.
“Nós temos conteúdo – e muito café no bule –, para dizer às novas tecnologias que está na hora de escrever novas páginas de sucesso para a humanidade”, anotou Brown. E completou: “Nós somos um pólo, sim, o que nos falta são ferramentas para continuar.”
Além dos aprendizados com a história, Vera Goulart, educadora, empreendedora social, sócio-fundadora e diretora acadêmica da SPTECH, trouxe para o debate a importância da educação para esse processo. Com o déficit brasileiro em tecnologia, estimado em 530 mil profissionais até 2025, ela ressalta a importância de se começar cedo.
“O que percebemos é que quando chegamos no ensino médio, já não conseguimos fazer muita coisa”, explicou. “O jovem já foi influenciado, já escolheu seu caminho, e normalmente ele não é tecnologia. E provocou: “O meu inconformismo vem daí: trazer o letramento digital para crianças para que isso seja um despertar da possibilidade de trabalho no futuro.”
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No entanto, fez um apelo – aos setores público e também privado: a educação é um projeto de longo prazo, disse. “O gestor tem que ter uma visão social muito importante. Porque ele não vai estar ali para ver o resultado do que se investiu. Há que se ter uma visão de transformar a sociedade.”
Retornando ao tema do debate, Vera finalizou reforçando a importância do olhar para trás para se mover adiante. “O poder de transformação que uma comunidade pode causar é incrível, mas a gente precisa fazer as coisas de forma diferente”, refletiu. “”O futuro das profissões passa necessariamente por tecnologia, mas a história é que nos ensina a fazer diferente e nos ensina a fazer em comunidade.”
Entre os dias 13 e 17 de setembro, acontece a primeira edição do IT Forum Salvador. No centro do circuito de palestras e encontros de negócios estará a Casa Pia. Construída no século XVIII para abrigar órfãos da cidade de Salvador, o casarão histórico abriga hoje uma instituição filantrópica. A escolha do local e da capital baiana para a próxima edição do IT Forum vem da relação histórica que a empresa tem com a Bahia – já que o evento nasceu na Ilha de Comandatuba.
Também integra o IT Forum Salvador uma agenda cultural completa, que inclui locais como o Pelourinho e a Casa Fundação Jorge Amado. Por meio deste resgate histórico e cultural, o IT Forum, em parceria com a Prefeitura de Salvador e a Saltur, agência pública de promoção do turismo na cidade, busca desenvolver também a economia local, fortalecendo o mercado tecnológico e impulsionando a educação.
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