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Como proteger os desbancarizados contra fraudes e golpes

A crescente pressão global por inclusão financeira tem impulsionado o desenvolvimento de produtos financeiros inovadores, especialmente voltados à população não bancarizada e sub-bancarizada. Esses indivíduos, historicamente excluídos do sistema formal, estão agora ganhando acesso a uma variedade de serviços, como contas bancárias, carteiras eletrônicas, cartões pré-pagos, empréstimos e plataformas de pagamento digital. Apesar dos benefícios […]

Publicado: 06/12/2025 às 11:35
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Construção civil — Foto: Reprodução

A crescente pressão global por inclusão financeira tem impulsionado o desenvolvimento de produtos financeiros inovadores, especialmente voltados à população não bancarizada e sub-bancarizada. Esses indivíduos, historicamente excluídos do sistema formal, estão agora ganhando acesso a uma variedade de serviços, como contas bancárias, carteiras eletrônicas, cartões pré-pagos, empréstimos e plataformas de pagamento digital. Apesar dos benefícios óbvios, essa evolução também expõe esse grupo vulnerável a novos e específicos riscos de fraude.

Os fraudadores são rápidos em explorar qualquer vulnerabilidade no sistema, e a população não bancarizada e sub-bancarizada é particularmente suscetível devido a uma combinação de fatores, incluindo baixa alfabetização e falta de educação financeira, além da experiência limitada com serviços formais. À medida que trabalhamos para expandir a inclusão dessas pessoas no sistema bancário, é crucial priorizarmos a proteção desses indivíduos contra fraudes e exploração, não apenas por meio de estratégias existentes, mas também de soluções inovadoras e personalizadas.

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Equilibrando crescimento e proteção contra fraudes 

À medida que as instituições se concentram em adquirir novos clientes e aumentar a participação de mercado, existe o risco de negligenciarem a importância de medidas robustas de prevenção de fraudes. Adaptar as necessidades e circunstâncias específicas que esse perfil de cliente e grupo demográfico requerem é fundamental.

Medidas de prevenção de fraudes devem considerar o impacto potencial de até mesmo pequenas perdas para indivíduos e famílias de baixa renda. O que pode parecer uma quantia baixa para uma instituição financeira, pode ser devastador para alguém vivendo na pobreza. Como tal, os limites de fraude e os protocolos de resposta devem ser ajustados para minimizar os danos causados por atividades fraudulentas. As instituições financeiras precisam encontrar um equilíbrio entre facilitar o acesso aos serviços financeiros e proteger os usuários contra fraudes, utilizando um “atrito sensato”.

Isso implica garantir que haja equilíbrio entre a facilidade e a rapidez nas transações financeiras, juntamente com controles adequados e uma comunicação eficaz com o cliente ao longo do processo, concentrando-se na identificação e na resposta a possíveis sinais de alerta. Isso requer uma abordagem proativa, que utilize tecnologias avançadas, como aprendizado de máquina e inteligência artificial, além de comunicação e engajamento eficazes e personalizados com o cliente, para detectar e prevenir atividades fraudulentas em tempo real.

A importância da alfabetização financeira

Um dos maiores desafios na proteção dos não bancarizados e sub-bancarizados contra fraudes é a falta generalizada de alfabetização financeira. Um estudo internacional liderado pela OCDE descobriu que apenas 17% dos adultos pesquisados (tanto bancarizados quanto não bancarizados) consideravam seu conhecimento financeiro alto. E, embora a grande maioria estivesse ciente dos produtos financeiros disponíveis para eles, 20% ainda recorriam a familiares e amigos para empréstimos ou poupança.

Essa falta de conscientização ou entendimento dificulta que os indivíduos naveguem pelo sistema e tomem decisões informadas sobre seu dinheiro. O relatório Findex descobriu que cerca de dois terços dos adultos não bancarizados precisariam de ajuda para usar uma conta se abrissem uma em uma instituição financeira. Isso destaca a necessidade de programas de educação financeira acessíveis e abrangentes que possam ajudar os indivíduos a entender e utilizar os serviços financeiros de forma eficaz.

Falta de confiança nas instituições financeiras 

Um estudo recente da FICO destaca que 69% dos entrevistados veem a proteção contra fraudes como uma das três considerações mais importantes ao abrir uma conta bancária. A confiança é essencial para converter os não bancarizados em bancarizados, e controles de fraude inadequados podem rapidamente desgastar essa confiança.

O papel dos governos e formuladores de políticas 

Governos e formuladores de políticas têm um papel crucial a desempenhar na abordagem dessa questão. É fundamental que eles invistam em regulamentações e governança que garantam a disponibilidade de produtos financeiros seguros, acessíveis e convenientes para todos. Além disso, devem concentrar esforços em iniciativas de alfabetização financeira direcionadas que atendam às necessidades específicas da população não bancarizada e sub-bancarizada.

Esses programas devem ser um esforço colaborativo entre reguladores e instituições financeiras, com o objetivo de capacitar os indivíduos a desenvolver as habilidades e a confiança necessárias para se envolver com o sistema financeiro formal e se proteger contra fraudes e exploração. Outra barreira significativa para a inclusão financeira é a falta de identificação formal. Aproximadamente 1 bilhão de pessoas em todo o mundo não possuem comprovação de identidade, dificultando o acesso a esses serviços formais. Os requisitos de verificação de identidade variam entre países e instituições, resultando em processos fragmentados e muitas vezes desafiadores.

Adoção da identidade digital 

A falta de padronização pode agravar as disparidades existentes, excluindo aqueles sem acesso a recursos e oportunidades dos benefícios da inclusão financeira. A adoção da identidade digital pode ajudar a resolver essa questão, promovendo maior inclusão e permitindo uma melhor prestação de serviços financeiros. A identidade digital estabelece uma representação segura de um indivíduo, utilizando informações pessoais e dados biométricos, e pode ser usada para autenticar e autorizar indivíduos ao acessar serviços ou efetuarem transações.

Durante a pandemia de COVID-19, os países que já haviam investido na digitalização da infraestrutura financeira e em sistemas de identificação digital foram os mais bem-sucedidos na distribuição de ajuda de maneira eficiente, com rapidez, precisão e escala. Isso destaca o potencial da identidade digital para aumentar a resiliência em tempos de crise e incerteza.

No entanto, as opiniões em relação à tecnologia de identidade digital variam significativamente em todo o mundo. Enquanto 70% dos consumidores na China e 57% no Brasil utilizam a identidade digital, aproximadamente 71% dos entrevistados nos EUA e na Alemanha preferem portar uma identificação física. Essas diferentes percepções destacam a necessidade de líderes globais aumentarem a conscientização sobre os benefícios dos sistemas de identidade digital e promoverem sua ampla adoção.

Para impulsionar a adoção de identidade digital, é crucial que governos e stakeholders do setor privado colaborem para desenvolver e promover padrões, financiem iniciativas para fomentar a inovação e adotem medidas legislativas e regulatórias para acelerar os esforços e evitar a fragmentação. Ao fazer isso, podem desbloquear todo o potencial da identidade digital para promover a inclusão financeira e proteger os não bancarizados e sub-bancarizados contra fraudes. Você pode se perguntar: como um ID digital beneficia minha estratégia contra fraudes? Explico: ele possui diversas vantagens em relação aos IDs tradicionais.

Primeiramente, é a forma mais segura e resistente a adulterações de verificação de identidade, o que dificulta aos fraudadores roubarem ou criarem identidades falsas de alguém. Em segundo lugar, permite a verificação de identidade em tempo real, possibilitando detectar e prevenir atividades fraudulentas mais rapidamente. Isso fornece informações significativas para ingestão, agregação e enriquecimento de dados, melhorando a proteção dos clientes.

Como proteger os não bancarizados contra fraudes

Proteger os não bancarizados e sub-bancarizados contra fraudes é um desafio complexo e multifacetado que requer a colaboração de governos, instituições financeiras e provedores de tecnologia. Alguns desses desafios só podem ser superados pela colaboração entre diferentes instituições, mas há medidas que as organizações podem adotar para se preparar para a inclusão dos não bancarizados e atender melhor os novos clientes:

  • Medidas de prevenção de fraudes personalizadas
    • Investir em tecnologias e processos avançados de prevenção de fraudes.
    • Implementar sistemas de monitoramento em tempo real com capacidade para:
    • Desenvolver regras flexíveis.
    • Implantar estratégias de tratamento personalizadas.
    • Construir modelos que se adaptem aos comportamentos únicos de diferentes demografias.
    • Simular novas estratégias para diferentes grupos.
    • Fornecer comunicação personalizada ao cliente.
  • Infraestrutura de identidade digital
    • Focar na melhoria da infraestrutura de identidade digital.
    • Investir em capacidades de ingestão e orquestração de dados para garantir que os dados de identidade relevantes sejam coletados, verificados e integrados aos processos de prevenção de fraudes de forma contínua e no momento certo.
  • Programas de alfabetização financeira
    • Priorizar iniciativas de alfabetização financeira, como campanhas de comunicação direcionadas e programas educacionais que ajudem os indivíduos a entender os riscos de fraude e como evitá-los.

À medida que o mundo continua a se digitalizar e mais pessoas ganham acesso a serviços financeiros formais, as instituições que priorizam essas áreas estarão bem-posicionadas para impulsionar um maior crescimento através da inclusão financeira, enquanto protegem seus clientes contra a ameaça evolutiva da fraude.

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